sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A Busca da Verdade e o Abandono das Ilusões

Um dos primeiros e mais importantes obstáculos à busca da verdadeira sabedoria é “tamas”, a rotina, que se manifesta mental e emocionalmente através do apego a certas “idéias de estimação”. Este apego possui tamanha força que muitas vezes, por medo de enfrentar o desconhecido, até mesmo buscadores sinceros da sabedoria evitam sistematicamente encarar a verdade dos fatos. É por um sistema subconsciente de apegos e rejeições emocionais que a verdade é deixada de lado. Por isso encontramos esta severa constatação, em um famoso documento que relata a posição do grande “Chohan” frente ao movimento teosófico:
“... A pomba branca da verdade dificilmente encontra um lugar onde possa descansar seus pés desprezados e exaustos.” (“Cartas dos Mestres de Sabedoria”, Ed. Teosófica, p. 18.)
Na realidade, a pomba da Verdade é a mesma pomba da Paz. Porque não pode haver paz separada da verdade, ou paz separada da justiça, ou da ética. A atual falta de harmonia no mundo é resultado de um forte déficit de ética e de veracidade. O movimento esotérico existe para ajudar a resolver esse problema, e não para aumentá-lo através de fantasias e manipulações, “religiosas” ou não.
William Judge, um dos três principais fundadores do movimento teosófico, escreveu em 1892:
“Uma disposição de não interferir de modo algum com as crenças que são ilusórias predomina no caso de muitos que não gostam da dor causada por este rasgar do véu. E o argumento de que crenças, credos e dogmas não deveriam ser eliminados enquanto o crente for feliz ou estiver bem com eles tem sido usado pela Igreja Cristã ― e mais precisamente pelo seu setor Católico Romano ― como um meio eficaz de manter a mente humana presa por uma corrente de ferro.” [1]
A verdade é que, desde o início do século 20, não é difícil encontrar crenças ilusórias e até igrejas e dogmas “católicos” dentro do próprio movimento teosófico. Além disso, nem todos os estudantes que sabem da verdade têm a coragem necessária para dar o seu testemunho e combater a fraude. É de se esperar que no decorrer do século 21 ― conforme previsto por H.P.B. ― a veracidade passe a prevalecer e os jogos ilusórios sejam deixados de lado.
NOTA:[1] “Theosophical Articles”, William Q. Judge, The Theosophy Co., Los Angeles, 1980, dois vols., ver volume II, p. 355.